O historiador e comentarista político Marco Antonio Villa rebateu a justificativa da rádio Jovem sofre seu afastamento.
Em comunicado divulgado ontem, a emissora paulista diz, sem citar o nome de Villa, que há limites entre “a crítica substantiva e a adjetivação grosseira” dos comentários. Quando tal barreira é ultrapassada, cabe à direção da empresa aplicar medidas que garantam a volta à normalidade”.
“Sou defensor da democracia e contra a ditadura, contra as pessoas que querem fechar o STF, invadir o Congresso Nacional, e aí incluem os nazistas, neonazistas. Eu não acho que isso foi uma deselegância, adjetivação, isso é conceituar, e assim sempre fui durante os anos em que estive na rádio”, disse Viila ao UOL.
Em sua última participação no “Jornal da Manhã”, na última sexta-feira (24), Villa disse que Bolsonaro era despreparado e estava estimulando o neonazismo no país ao convocar atos para atacar o Supremo e o Congresso.
“Um presidente não tem compostura, não tem preparo. Não tem articulação política. Reforça a crítica ao parlamento, estimulando atos neonazistas, como do próximo dia 26, que é claramente no sentindo de fechar o Supremo, fechar o Congresso e impor a ditadura. E o presidente estimula isso”, disse Villa.
Esse comentário teria sido a gota d’água para a direção da emissora afastar o apresentador, A direção da rádio nega que o pedido tenha partido do presidente Bolsonaro.
“O Grupo Jovem Pan jamais cedeu a pressões de governantes e nunca transformou a liberdade de expressão em moeda de troca”, diz o comunicado.
Em entrevista à “Veja São Paulo” nesta quarta-feira (29), o apresentador do “Jornal da Manhã afirma que sofria pressões da emissora para que deixasse suas funções havia pelo menos dois meses.
Villa conta que cedeu quando o vice-presidente José Carlos Pereira o encontrou pessoalmente na última semana para reforçar o pedido, que seria de Tutinha, presidente da empresa. O comentarista político alegou que o ambiente negativo estava afetando sua saúde.
Confira a íntegra do comunicado abaixo:
Confrontado com versões e rumores envolvendo um integrante do nosso quadro de profissionais, o Grupo Jovem Pan tem a comunicar o seguinte:
1. Preferimos restringir ao âmbito interno da empresa discordâncias entre colaboradores e direção da empresa;
2. O Grupo Jovem Pan foi pioneiro na intensificação do debate político com a contratação de comentaristas com diferentes pontos de vista, que sempre se manifestaram livremente;
3. O apreço do Grupo Jovem Pan pelo convívio dos contrários – sem o qual não existe democracia real – é atestado diariamente pelo conteúdo da nossa programação;
4. O Grupo Jovem Pan jamais cedeu a pressões de governantes e nunca transformou a liberdade de expressão em moeda de troca;
5. Vale frisar que o atual governo federal não fez chegar ao Grupo Jovem Pan qualquer crítica ao desempenho dos nossos profissionais;
6. Fiel à própria história, o Grupo Jovem Pan seguirá orientado pelo amor à verdade e pelo respeito ao público, que vem homenageando esse comportamento com recordes de audiência e com a consolidação da credibilidade que merece um trabalho sério e sóbrio;
7. O Grupo Jovem Pan entende que esse mesmo respeito ao público impõe aos seus comentaristas limites que separam a crítica substantiva da adjetivação grosseira. Quando tal barreira é ultrapassada, cabe à direção da empresa aplicar medidas que garantam a volta à normalidade.
Direção do Grupo Jovem Pan
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