O Brechas Urbanas de maio acontece no dia 22 (quarta-feira), às 20h, no Itaú Cultural. O tema desta edição é o Impacto Político da Criatividade e ele é debatido com o público por dois convidados do instituto: Manuella Alves da Silva, formada em pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e em artes cênicas pela SP Escola de Teatro e integrante do Espaço Cultural Cachoeiras, e Samuel Emílio Melo, cofundador da plataforma Engaja Negritude, da Educafro, coordenador nacional do Movimento Acredito e conselheiro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. A mediação é da jornalista e consultora Monique Evelle.
A fala de ambos os participantes neste debate, parte do mesmo lugar: a necessidade de renovação e de participação coletiva, como ferramentas de mudança política. Manuella e Melo têm longo histórico de atuação em grupos de ação social e olham para essa questão a partir da criação de redes e de novos olhares ao redor.
Para ambos, as soluções podem emergir também das pessoas e não apenas do poder público, que é muitas vezes falho, principalmente nas periferias. Contudo, essa questão esbarra em outra, já que, para possibilitar o exercício da criatividade, é necessário primeiro sentir-se pertencente a algum lugar. Entra, nesse contexto, o direito à cidade e a apropriação do espaço urbano, como ferramentas para que a política adquira, de fato, novas dimensões.
Graduando em engenharia de produção, Melo é cofundador da plataforma Educafro e conta um caso concreto ocorrido no bairro em que nasceu, em Ipatinga, Minas Gerais. Algumas mães, que se revezavam para cuidar dos filhos umas das outras, pediram ao prefeito a construção de uma creche.

A resposta foi que primeiro elas precisavam comprar o terreno por conta própria. Elas encontraram um pedaço de terra à venda e saíram pelo bairro mais abastado da cidade vendendo o metro em uma espécie de crowdfunding. “Com o terreno comprado pelas mulheres, o prefeito foi obrigado a construir a creche que até hoje é uma das maiores da cidade”, conta Melo. “Essa é uma das materializações da utilização da criatividade para resolver problemas políticos”, explica para concluir: “Existem várias críticas a este caso exemplar, pois é papel da prefeitura comprar o terreno, mas, naquela situação e contexto, essa foi a solução que essas mulheres conseguiram criar.”
Nesta mesma margem, mobilizando afetos e congregando pessoas, está centrado o posicionamento de Manuella, que atua, por meio do Espaço Cultural Cachoeiras, no Cohab Raposo Tavares, levando atividades culturais para o local. O grupo é composto majoritariamente por pessoas que moram ou trabalham no bairro.
De acordo com ela, a troca é intensa para quem produz as atividades e atua diretamente na transformação do local onde vive ou atua. Também, para as companhias e coletivos teatrais, acostumadas a se apresentar em estabelecimentos centrais, que passam a ter a oportunidade de se deslocar para outros públicos mais periféricos na geografia da cidade.

“Esses encontros, por menores que sejam, provocam coisas. As pessoas constroem outra relação com a linguagem teatral. A gente acabou formando público. Os grupos de teatro estão abrindo espaços que essas pessoas não alcançam por não terem tanto acesso a cidade. Assim, ampliam o seu repertorio cultural,” completa ela, que cresceu no Cohab Raposo Tavares.
Sobre o Brechas Urbanas
O Brechas Urbanas foi criado a partir da aposta do Itaú Cultural de que é cada vez mais urgente repensar a vida nas cidades, tendo a arte como elemento transformador potente nesta reflexão.
“Essa pesquisa proporcionada pelos encontros nos move a propor inovações no mundo contemporâneo”, acredita Ana de Fátima Sousa, gerente do Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural, que também assina a curadoria da programação.
Monique Evelle, a nova mediadora do encontro, destaca importância de poder aprofundar o debate sobre as cidades a partir de diferentes narrativas. “Vai ser um território de aprendizagem ao lado de pessoas que estudam e vivem cada assunto abordado.”
Brechas Urbanas tem a proposta de reunir mensalmente representantes de diversas áreas da arte e da cultura para fazer uma reflexão atual e propositiva sobre a vida na cidade. Além da transmissão ao vivo do programa, também com interpretação em Libras, o Itaú Cultural disponibiliza todos os eventos do gênero já realizados no seu site oficial.
Quer saber mais sobre o debate? Fique ligad@ na programação e no horários do evento:
SERVIÇO:
Brechas Urbanas – O Impacto Político da Criatividade
Com Samuel Emílio Melo e Manuella Alves da Silva
Quarta-feira, 22 de maio | 20h
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: Livre
Sala Vermelha – piso 3
70 lugares
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: uma hora antes do evento | com direito a um acompanhante
Público não preferencial: uma hora antes do evento | um ingresso por pessoa
Interpretação em Libras.
< a href="https://catracalivre.com.br/agenda/debate-como-a-coletividade-cultural-promove-mudancas-sociais/"> Debate: como a coletividade cultural promove mudanças sociais publicado primeiro em como se vestir bem
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